Mães denunciam erros médicos no hospital infantil em Santa Catarina (Brasil)

Mães denunciam erros médicos no hospital infantil em  Santa Catarina (Brasil)


Mães denunciam erros médicos no hospital infantil em  Santa Catarina (Brasil

Mães denunciam erros médicos no hospital infantil em  Santa Catarina 


Famílias denunciam desinteresse e mau uso de recursos em estabelecimento gerido pelo Instituto IDEAS  
Mães de crianças que faleceram no Hospital Materno Infantil de Criciúma, localizado em Santa Catarina, relatam falhas médicas e desatenção no cuidado prestado. Essa unidade é gerida pelo Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (IDEAS), uma organização social que está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público por possíveis desvios de verbas públicas.

Sofrimento e busca por esclarecimentos  
O sofrimento de várias mães teve início no Hospital Materno Infantil de Criciúma. Elas perderam seus filhos em situações que revelam falhas significativas no atendimento e negligência. Desde 2018, a administração do hospital está sob responsabilidade do IDEAS, que também cuida de 25 unidades de saúde em sete estados do Brasil.

Na Justiça de Santa Catarina, existem mais de dez processos relacionados a erros médicos ligados ao instituto. Entre as queixas registradas estão mortes de bebês e crianças durante a gestação, pós-parto e nos primeiros anos de vida.

Uma das mães, Vanusa, levou seu filho Samuel, de dez meses, ao hospital por conta de febre. Foram necessários onze dias de tentativas até que ele fosse internado. Conforme relata, o bebê foi sedado e transferido para a UTI, mas acabou sofrendo danos devido a equipamentos e à falta de atenção. Samuel passou 58 dias sob cuidados no hospital e faleceu em julho de 2023.

Outra mãe, Daiane, perdeu sua filhinha Jordana, que tinha dois anos e sete meses. A garota chegou ao hospital apresentando febre e vômito, mas foi diagnosticada com virose. Após alguns dias, seu estado piorou e a criança faleceu sem conseguir receber hemodiálise, um tratamento que a unidade não tinha condições de realizar.

“O diagnóstico foi equivocado e não houve tentativa de corrigir o erro”, lamenta Daiane.

Casos semelhantes e suas consequências  
Dominique, um bebê que entrou no hospital alegre, saiu com danos irreversíveis. A mãe relata que o filho teve duas paradas cardíacas prolongadas e perdeu a visão e habilidades motoras. “Ele entrou brincando e saiu de forma diferente, por erro médico e hospitalar”, desabafou Jéssica.

Histórias como essas juntam as mães na luta por justiça. Elas afirmam que o IDEAS precisa ser rigorosamente monitorado. “Nada poderá trazer nossos filhos de volta, mas queremos evitar que outras famílias passem pelo mesmo”, afirma uma delas.

Ana Luísa, que estava grávida no início da gestação, também acusa o hospital de ter prescrito antibióticos inadequados para gestantes, algo que resultou em aborto. “Se tivessem administrado o tratamento correto, eu ainda estaria com meu filho”, disse.

O advogado que está cuidando do caso destaca que o Código de Ética Médica requer que pacientes sejam informados sobre os riscos relacionados aos medicamentos e procedimentos, o que, segundo ele, não aconteceu.

Suspeitas de corrupção e contratos de milhões  
O IDEAS assumiu a administração do Hospital Materno Infantil em 2018, por meio de um contrato de 196 milhões de reais com o governo de Santa Catarina. Investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) identificaram indícios de irregularidades e má gestão de recursos públicos. 
Os documentos indicam que os membros do Instituto também possuíam empresas contratadas pela própria entidade, recebendo dinheiro de recursos públicos. A operação da Polícia Federal, que atuou em Santa Catarina e no Paraná, investigou o esquema de subcontratação irregular.

Apesar das alegações, o contrato foi estendido até 2028, com um montante que ultrapassa R$ 360 milhões.

Além de atuar em Santa Catarina, o IDEAS gerencia instalações no Rio de Janeiro, onde o Ministério Público está processando ações civis públicas relacionadas a contratos emergenciais que totalizam R$ 184 milhões.

Outros casos de falecimento e alegações de descaso
A reportagem também apurou a história de Adrieli, uma jovem de 13 anos que faleceu após ter sido diagnosticada com uma fratura no joelho. Sua mãe, Andréia, afirmou que a garota estava com uma infecção bacteriana, mas que o hospital não fez exames de sangue. "Com certeza, foi um erro médico. Ela nunca teve uma fratura", declarou.

O atendimento na unidade também é frequentemente alvo de críticas. Durante a visita da equipe de reportagem, mães expressaram descontentamento com o tempo de espera e a falta de informações sobre a condição de seus filhos.

Resposta e defesa do IDEAS
Quando contatado, o Instituto IDEAS cancelou a entrevista agendada e enviou uma declaração escrita juntamente com um vídeo do diretor clínico do hospital. Ele refutou as alegações de negligência e erro médico, assegurando que tais casos são "raros e excepcionais" e não representam falhas sistêmicas.

A comunicação destacou que o Hospital Materno Infantil de Criciúma exibe "índices qualitativos superiores à média nacional" e mantém "excelência e comprometimento da equipe clínica".

O governo do estado de Santa Catarina informou que a renovação do contrato foi realizada para garantir a continuidade dos serviços para a população e que o IDEAS foi multado por falhas na prestação de contas. Após a operação da Polícia Federal, um processo administrativo foi iniciado para investigar as irregularidades.

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