China virou o jogo contra Trump
China Virou o Jogo Com Trump
Essa avaliação toca em um aspecto delicado da diplomacia da China: quando os Estados Unidos impõem limites às exportações, justificam isso com a proteção de interesses estratégicos; por outro lado, quando a China adota medidas semelhantes, é criticada como se estivesse utilizando táticas coercitivas.
“O governo Trump está em constante negociação, mas em seguida, restabelece restrições de forma unilateral”, observa o especialista. “Essa é uma ação superficial que contrasta com a calma que a China busca transmitir globalmente”, finaliza o professor.
O impacto global e as expectativas futuras
O estancamento em torno das terras raras traz à tona um dos aspectos mais intrincados da rivalidade entre os Estados Unidos e a China: a dominação sobre recursos essenciais para as economias verde e digital. Se as restrições da China forem mantidas, isso pode resultar em um aumento nos custos de produção de veículos elétricos, turbinas eólicas, smartphones e armamentos, elevando despesas em cadeias de produção que são globais e interligadas.
Por outro lado, a nova abordagem de Trump e as declarações de Bessent ofereceram um certo alívio para os investidores nesta segunda-feira. A crença agora é de que a tarifa de 100% pode não ser implementada — e que há potencial para uma solução por meio de negociação.
Contudo, o professor Freitas adverte: “quanto mais Trump tenta isolar a China, mais ele fortalece a narrativa de Pequim de que o verdadeiro perigo para a estabilidade mundial é a falta de previsibilidade dos Estados Unidos”.
Com a queda do dólar e os mercados reavaliando os riscos de desestabilização nas cadeias tecnológicas, a atenção nos próximos dias se voltará à diplomacia. Se o encontro entre Trump e Xi Jinping de fato ocorrer na Coreia, o mundo pode testemunhar uma reaproximação estratégica — ou mais um capítulo em uma guerra comercial que parece interminável.
Os Estados Unidos permanecem fortemente dependentes da China para a aquisição de terras raras. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a nação asiática é responsável por mais de 90% da produção mundial desses minerais. Esse controle proporciona a Pequim um grau de influência semelhante ao que a Opep tinha durante a crise do petróleo na década de 1970, o que coloca em risco as indústrias tecnológica e bélica dos EUA.
“Para os chineses, não é lógico vender metais estratégicos a uma nação que é o maior fornecedor de armas globalmente”, observa Freitas, que também menciona que o governo chinês reconhece que, de certa forma, estava sustentando a própria indústria armamentista americana.
A limitação imposta por Pequim desencadeou uma forte reação nas bolsas de valores na última sexta-feira (10). As ações de grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos caíram acentuadamente, refletindo o receio de uma interrupção nas cadeias de suprimentos e a possibilidade de um aumento nas tarifas, que impactariam os custos de inovação.
A retórica da segurança nacional
Pequim acusa Washington de empregar o discurso de "segurança nacional" de maneira seletiva, utilizando o comércio como uma ferramenta de pressão política. De acordo com o Ministério do Comércio da China, os EUA têm "expandido indevidamente o conceito de segurança", abusando de ações unilaterais e impondo sanções que afetam negativamente o ambiente das negociações.

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